Notícia - Onda de calor demanda cuidados com a saúde
19/09/2023
Onda de calor demanda cuidados com a saúde
As mudanças climáticas têm levado muitos brasileiros a conviver com temperaturas extremas e, nesta semana, os termômetros devem chegar a 40ºC em várias regiões do PaÃs.
Com o calor, vem a moleza, a baixa disposição e, em alguns casos, dores de cabeça, sintomas associados a quadros de pressão baixa e desidratação.
O calor extremo também leva a um risco maior de acidentes cardÃacos, como enfartes, e vasculares, como AVCs. Quem tem problemas respiratórios, pode sentir um agravamento, especialmente se a umidade do ar estiver muito baixa.
Por isso, é importante cuidar da saúde, tentar manter a temperatura corporal equilibrada e beber bastante água, alertam especialistas.
De acordo com os médicos, alguns grupos merecem atenção especial:
- Idosos;
- CardÃacos;
- Pessoas com problemas de circulação sanguÃnea;
- Diabéticos;
- Pessoas com problemas respiratórios;
- Crianças.
Mas, mesmo quem não pertence a esses grupos deve se atentar contra a desidratação. “Qualquer pessoa, mesmo sem comorbidades, pode ter desidratação em temperaturas extremas como estas, beirando os 40ºCâ€, afirma José Eduardo Dottoviano, médico clÃnico geral e cardiologista da ClÃnica da Cidade.
O que acontece com o nosso corpo quando está muito quente?
O corpo humano tem uma temperatura ideal para realizar suas atividades diárias e é sensÃvel ao calor ou frio que vem de fora. Por isso, quando está muito quente, ele age de maneira a tentar regular nossa temperatura interna.
“Ao receber o estÃmulo do calor, o corpo promove uma vasodilatação (dilatação das artérias), na tentativa de dissipar o calor. Com isso, vai mais sangue para a pele e a gente transpiraâ€, diz Paulo Camiz, clÃnico geral e geriatra do Hospital das ClÃnicas de São Paulo e professor da USP. “O suor é uma forma de tentar equilibrar a temperatura corporal.â€
De acordo com o médico, com o aumento dos vasos sanguÃneos, há maior espaço para circulação do sangue. Se não adicionamos mais água ao organismo, a quantidade de sangue por espaço arterial diminui, fazendo com que a nossa pressão baixe, podendo chegar a um quadro de desidratação.
“A pessoa fica indisposta e isso tem implicações principalmente para o coração, porque a forma de o coração compensar essa desidratação ou essa baixa de volume na circulação é aumentando a frequência cardÃaca. Ele tenta mandar mais sangue para o corpo, aumentando a frequência cardÃacaâ€, afirma o médico.
É por isso que pessoas que têm problemas cardÃacos e de circulação sanguÃnea têm maior dificuldade em compensar a falta de água no organismo. Assim como os que têm problemas respiratórios. Estudos mostram que uma boa respiração impacta nos batimentos cardÃacos, na pressão arterial e no bom funcionamento celular em geral.
Diabéticos de longa data também têm dificuldades em regular a pressão arterial, segundo Camiz.
Idosos e crianças
Os idosos sofrem mais no calor por já terem uma quantidade de água corporal menor, por sentirem naturalmente menos sede e por transpirarem menos, diminuindo a capacidade de seus corpos tanto para regular a pressão, quanto para ajustar a temperatura corporal.
“É comum que idosos se sintam como se estivessem "cozinhando por dentro", um conceito que a gente chama de intermação. Isso acontece quando há um aquecimento do corpo e ele não consegue dissipar esse calor, levando a uma situação de hipertermia, que é quando aumenta a temperatura, não por febre, que é uma reação do corpo, mas por um problema de falta de reação corporalâ€, afirma Camiz.
As crianças também são mais suscetÃveis aos quadros de hipertermia e, principalmente, à s queimaduras na pele por conta do sol.
“Crianças expostas aos raios solares num perÃodo de sol do meio dia à s 15h sofrem maior incidência de raios danosos, que podem lesar a pele, causando queimaduras que podem chegar até o segundo grauâ€, diz o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria.
Os quadros de desidratação também tendem a ser mais graves nas crianças, segundo Ejzenbaum. Por isso, é necessário atenção redobrada.
Quais cuidados tomar?
Para evitar os danos causados pelo calor à saúde, é importante, primeiramente, manter a hidratação. “A hidratação é a ferramenta mais fácil e melhor para se prevenir as alterações que podem ocorrer por conta da exposição a essas altas temperaturasâ€, enfatiza Dottoviano.
De acordo com o clÃnico geral e cardiologista, é preciso evitar exposição demorada ao sol e a permanência em locais muito quentes, fechados. Nesse sentido, ventiladores e ar condicionado podem ser aliados para manter a temperatura externa equilibrada com a temperatura corporal.
“O perÃodo das 10 à s 16 horas é o perÃodo mais quente, por isso, é importante evitar fazer atividades fÃsicas e externas neste perÃodoâ€, diz Dottoviano. “Quem toma remédio para circulação ou coração, o cardiologista pode precisar ajustar as doses para evitar que a queda de pressão seja mais acentuada.â€
Usar roupas leves e protetor solar também é fundamental, principalmente para quem tem a pele muito clara. Quanto à s atividades fÃsicas, é melhor escolher aquelas de menor impacto, de preferência longe do sol, e bebendo muita água nos intervalos.
A alimentação, segundo os especialistas, deve ser leve e rica em frutas e legumes. Deve-se evitar o consumo de álcool, pois ele pode favorecer a desidratação.
Fonte: Estadão
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